terça-feira, 23 de setembro de 2014

achado no tumblr

uma hora 
a campainha vai tocar
o telefone vai chamar
o jornal vai estar lá com a noticia estampada
eu deixei o recado na geladeira ontem pela manhã
eu vi o seu nome na lista dos aprovados
vai chover no domingo
o trem vai se atrasar
você vai partir e eu vou sumir
o abraço vai virar saudade
é tudo uma questão de tempo
com exceção da morte, baby
não há um “fim”,
apenas uma reta
com infinitos recomeços.
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sábado, 20 de setembro de 2014

Você

Você apareceu no momento errado. Eu estava ocupada demais com minha vida, correndo atrás dos meus sonhos, estudando 15 horas por dia, não saindo nos finais de semana, e estava frustrada ou cansada demais pra continuar naquele ritmo. Então, numa das poucas festas que eu fui, a gente se conheceu, e eu nem sei direito como aconteceu. De repente, as minhas aulas da noite, normalmente chatas, passaram a ser acompanhadas de mensagens suas. Nós conversávamos, e você me fazia enxergar tudo de um jeito simples, e me fazia rir, e me deixava leve. E quando nada disso funcionava e no final eu ainda continuava sendo essa eu tão chata e negativa, você ligava dizendo que estava na porta da minha casa, pra gente sair e eu melhorar (quando funcionava você também vinha, qualquer coisa era motivo pra gente se ver). Você me implicava, porque, segundo seu gosto questionável, eu ficava linda com as bochechas vermelhas de raiva. E eu gostava de sentir raiva de você, porque sabia como essa raiva passava: com você me abraçando e me dando aqueles beijinhos calmos, me fazendo carinho. E a gente ficou nessa fase boa por, o que me pareceu, uma eternidade. Eu perdi o foco, você, veja bem, você me fez querer desistir do meu futuro e dos meus sonhos, me fez pensar em como seria a minha vida se eu continuasse morando com minha família, continuasse no interior, porque eu estaria ao seu lado, e naquele momento aquilo me parecia suficiente. Quanto mais eu me aproximava de você, mais eu sabia que a gente tinha que acabar. E eu fiquei nessa dualidade, de querer ficar, e saber que eu também queria ir. Não sei quando a gente começou a dar errado. Não sei se a gente ta dando errado. Você não sabe o que quer, e de indecisa em qualquer lugar, já basta eu. Você não sabe o que quer, você não me pede pra ficar, e eu também não sei o que quero, e to quase indo embora. Nossos amigos me falam que você bebe e fica falando de mim, eu também bebo e fico falando de você, aliás nem preciso beber, "a gente" é meu assunto favorito. Você é tudo o que eu não podia querer num cara. Mas como não gostar de você? Eu nem sei te descrever, sempre fiquei muito ocupada tirando fotos com minhas próprias retinas, para que quando a gente terminasse, eu não me esquecesse de como nós parecíamos bonitos juntos, tirava essas fotos pra guardar em algum lugar na memória, aquele lugar de todas as melhores coisas que poderiam ter me acontecido, e "fica bem aí que essa luz comprida ficou tão bonita em você daqui" fez muito sentindo pra mim. Mas nós somos crianças lutando contra o que a gente sente e não assume, crianças que não sabem o que querem nem agora, quando mais o que vamos querer amanhã. Eu te escrevo porque sei que você odeia ler, e quando me disse isso eu pensei se valia a pena te levar a sério, mas logo em seguida você me disse que era de humanas e eu pulei do penhasco sem nem saber se você tava la em baixo pra me segurar. Em cada detalhezinho você me ganhava sem nem perceber, como na primeira vez que a gente terminou o que nem existia e depois voltou, mas antes de voltar eu te falei aquele monte de coisa, e você ficou sentado ouvindo porque sabia que tava errado, e roía as unhas e depois ficava falando mais palavrão que eu. Nossos beijos de reconciliação quase compensavam o tempo que a gente ficava afastado, e toda briga eu sabia que ia ter uma volta. Dessa vez eu não sei. Só agora to percebendo o quanto esse texto ficou confuso, mas não tem como seguir uma linha contínua de pensamentos quando se trata de nós dois. Você está em tudo, nas frases dos meus livros de poesia, em todas as minhas músicas favoritas e não tinha esse direito, você some e eu fico sozinha e tudo me lembra você. "Drunken monologues, confused because its not like im falling in love i just want you to do me no good and u look like u could", é isso, você poderia me fazer tão bem, mas você some, e bebe, e faz idiotice e depois volta pra mim, e agora fico só com as lembranças e essa vontade de que você tivesse se entregado por inteiro, mas você não quis, e de metades já vivo sozinha. Quando quiser aparecer, de verdade, a gente vê se eu ainda to aqui.
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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Charles Bukowski

Jogue os dados.
Se você for tentar, vá até o fim.
senão, nem comece.
Se você for tentar, vá até o fim.
Isso pode ser perder namoradas,
esposas, parentes, empregos e
talvez sua cabeça.
vá até o fim.
isso pode ser não comer por 3 ou
4 dias.
pode ser congelar em um
banco de praça.
pode ser cadeia,
pode ser o ridículo,
chacota,
isolamento.
isolamento é a benção.
todo o resto é um teste na sua
resistência, de
quanto você realmente quer
fazer aquilo.
e você vai fazer
independente da rejeição
e das piores dificuldades
e será melhor do que
qualquer outra coisa
que vocês possa imaginar.
se você for tentar,
vá até o fim.
não existe outra coisa que vá te fazer sentir
isso.
você estará sozinho com os
deuses
e as noites se inflamarão em
chamas.
faça. faça. faça.
faça.
até o fim.
até o fim.
você guiará sua vida direto para
o riso perfeito,
a única briga boa que existe.
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domingo, 3 de agosto de 2014
Eu só precisava disso. Um motivo para que eu não me entregasse a você. Quanto mais pensava, mais queria. Não poderia conviver com a dúvida de como teria sido. Tinha certeza que seríamos incríveis. Invencíveis. Os melhores. Era amor antes mesmo que eu pudesse notar.
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O amor me envelheceu – sobre as marcas que o amor deixou

O reflexo no espelho do banheiro, invariavelmente, não é mais o mesmo. Vejo olheiras embaixo dos olhos fruto das inúmeras noites mal dormidas, pés de galinha que contam mais histórias do que os sertões de Guimarães e rugas escondidas aqui, ali, acolá, das vezes que as frustrações me pegaram desprevenida esboçando um sorriso que terminou flácido num vinco de adeus. Os cabelos antes volumosos e sedosos caíram-se aos montes, como restos de orvalho entristecidos com a chegada repentina do veraneio. Até o brilho no olhar é diferente, parece um destes vagalumes travessos que teve sua luz roubada em uma (ou várias) destas travessias sombrias que o coração da gente parece querer peregrinar. O fato é que hoje vejo muito pouco, daquele tanto que já existiu um dia. O amor que tanto me engrandece, me envelheceu.
De repente, a bagagem carregada com tamanho cuidado e esforço do lado de dentro ficou evidente do lado de fora também. As pessoas agora conseguem notar a imensidão do caminho que foi percorrido e a profundidade das cicatrizes que fizeram morada nesta essência ao longo dos anos. O corpo que atualmente desperta a retina do outro, conta uma história diferente daquele de outrora quando o amor era inocentemente tão somente amor, sem “mas”, “poréns”, “todavias” e “entretantos”. A reciprocidade se tornou levemente arredia perante as inúmeras possibilidades de amor e o semblante antes florido como um jardim de primavera estampa uma desconfiança singela, típica das crianças quando se arriscam a descobrir o primeiro passo.
A experiência ou maturidade trouxe consigo o preço minimalista do desapego. Não mais é preciso buscar esconderijo atrás de uma máscara de falso contentamento e permissividade uma vez que, o coração já castigado com doses nada homeopáticas de descaso entende que está tudo bem em mostrar quem se é de verdade. Aliás, aquela cicatriz nada atraente que muitas vezes é encoberta com camadas extras de base e sorrisos automáticos, pode ser uma dessas singelas delicadezas da alma da gente que engrandecem nossa vivência sob o olhar amoroso do outro. Quem tem um animal ferido dentro de casa sabe que a melhor forma de destituir um sofrimento é abraçar aquela dor e deixar que o tempo faça a sua mágica, até que o momento se esgote definitivamente. Passar por um turbilhão de relacionamentos, pessoas, sentimentos e ainda assim chegar emocionalmente inteira no próximo instante é mais do que sinônimo de coragem, é aquela cerejinha do bolo que te faz ser diferente de todo mundo que desistiu do amor no meio da travessia.
O amor que tanto me engrandece, me envelheceu. Mas, inacreditavelmente, me sinto mais plena do que nunca. O amor acumulou seus percalços em cada pequena fresta que o sentimento deixou aberta ao pedir passagem e o resultado deste preenchimento foi uma alma aprimorada e resiliente, que encontrou nos destroços, os pedaços de si que faltavam para completar o quebra-cabeça deste enigma chamado amadurecer. Porque o que nos torna bonitos, elegantes e desejados é justamente aquela metade avariada que a gente tenta esconder. Eu, me sinto cada dia mais linda. Espero que vocês também. Aquela ruguinha boba no canto esquerdo da boca se apruma toda num sorriso cada vez que meu coração consegue abrir as portas para amar novamente. A idade tem dessas ternuras que talvez a gente só consiga sentir com total exatidão quando chega lá. E olha que acaso (ou sorte), a minha ruguinha combina perfeitamente com as bolsas insones que ele carrega debaixo dos olhos. Bagagem boa é aquela que a gente carrega de mãos dadas. Que a gente continue se encontrando nestas marcas que o amor vai deixando pelo caminho, porque se do lado de fora a gente transparece vivência, do lado de dentro fica cada dia mais próximo da eterna juventude.

Danielle Daian
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O fim existe para fazer crescer o novo, o próximo dia, a próxima canção, o próximo abraço, mas existem coisas que simplesmente não se acabam, mesmo que queiramos. A finitude de certas coisas pode assustar, nos deixar vulneráveis, mas a infinitude de outras é capaz de chocar ainda mais – a memória é uma fábrica de infinito.
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segunda-feira, 14 de julho de 2014

divagando

eu conheço outros caras e me lembro porque continuo sentindo sua falta.
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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Razão de ser

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?

Paulo Leminski
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segunda-feira, 16 de junho de 2014

Crônica

Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo cultivando este tipo de herança.
Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me num porto, num albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo.
Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada [Então fique comigo quando eu chorar,combinado?]. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar às vezes, mesmo na sua idade.(quem sabe no carnaval) rssr
Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai.
Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes. Me enlouqueça uma vez por mês. Goste de um esporte não muito banal. Me ensine a dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos, me faça massagem nas costas. Não fume ou fume (eu ainda prefiro que não), beba, chore...Me rapte!
E se nada disso funcionar, experimente simplesmente me amar!

Martha Medeiros
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Sobre sucesso e amizades

"Fazer sucesso requer coragem; e quem não tem essa coragem, inveja quem tem" com essa frase meu professor de português começou a aula dia desses. Anotei no cantinho do caderno e hoje quando li, me veio o impacto do quão isso faz sentido pra mim e para o que venho passando nesse ultimo ano. Próximo final de semana faz 1 ano desde que começou o ano em que aconteceram as piores coisas comigo e com quem gosto, o ano em que todas as minhas convicções vieram ao chão, o ano em que eu passei a entender melhor quais são os verdadeiros valores da vida. Nem amizades nem amores duram para sempre. Nada. E o ser humano tem uma necessidade de se encontrar em um grupo, de acreditar que sua própria felicidade está nas mãos ou na companhia de terceiros senão na dele mesmo, e esse é um dos piores erros que podemos cometer. Devíamos aprender desde cedo que nossa companhia é a única - única - coisa que sempre teremos. Amizades são relativas (festas, vida boa, no problems) e amores são efêmeros ("é essa ou aquela, a que me fizer mais feliz enquanto estiver me fazendo feliz"). E ainda assim esperamos não nos decepcionar com as pessoas. Mas acho, no fundo, que fomos feitos para magoar e ser magoados, e feliz é quem sabe superar cada um desses obstáculos com serenidade e calma, e crê pacientemente pelos melhores dias que estão por vir. Se almejamos a vida inteira algo, não devemos deixar de ir atrás desse sonho por alguém que está na sua vida apenas naquele momento, e no fundo as pessoas têm inveja de qualquer coisinha. Todos nós somos assim. Por isso, ir atrás dos nossos sonhos, contar as verdadeiras vitórias para o mínimo de pessoas possíveis ou até mesmo para ninguém (tem coisas que são nossas e ninguém precisa saber) e aproveitar a presença de algumas pessoas enquanto elas ainda estão ali, porque cada vez mais, você estará pra frente na vida.
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