segunda-feira, 16 de junho de 2014

Crônica

Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo cultivando este tipo de herança.
Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me num porto, num albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo.
Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada [Então fique comigo quando eu chorar,combinado?]. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar às vezes, mesmo na sua idade.(quem sabe no carnaval) rssr
Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai.
Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes. Me enlouqueça uma vez por mês. Goste de um esporte não muito banal. Me ensine a dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos, me faça massagem nas costas. Não fume ou fume (eu ainda prefiro que não), beba, chore...Me rapte!
E se nada disso funcionar, experimente simplesmente me amar!

Martha Medeiros
Postado por Paula Lopes

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