domingo, 14 de outubro de 2012

porque sal é fundamental

Você ama o meu jeito largado de ser, adora meus olhos sempre pintados de preto e vez ou outra confessa uma queda pelo meu cabelo cor de chiclete. Treme na base quando eu não fujo das suas indiretas e se diverte com as gírias do meu vocabulário. Acha incrível como eu sei conversar horas a fio sobre as bandas que você gosta, quando te venço no vídeo game, e falo dos livros que você leu. Fica extasiado quando eu não me troco por qualquer coisa, quando não mudo minha postura pra agradar ninguém e quando não tenho vergonha de assumir que eu sou mesmo assim, meio cara-de-pau, meio que distribui sorrisos. Diz que eu sou linda assim, muito mais que todas as suas amigas, mas eu suspeito. Adora meus papos de arte, meus sonhos de cair no mundo e adora me iludir que vai comigo, mas no fundo eu sei. Eu posso ser mesmo tudo isso aos seus olhos, mas no fim, na hora de andar lado a lado, de dar as mãos e apresentar nos almoços de família são elas que você prefere. Elas, as que não tem nada do que você tanto admira em mim. As que não sabem quem é Jimi Hendrix, Janis Joplin ou Eric Clapton, as que nunca viram uma tesoura de cabelo na vida, as que tem medo quando você liga de madrugada e que só sonham em ter uma família. As que você sempre diz que não possuem charme algum perto de mim. Eu sei, no fundo eu sempre soube. Mas quer saber? Talvez, eu que devesse ter vergonha de você. Porque um homem que esconde o que realmente quer, não é outra coisa que não motivo de vergonha. E no fim, talvez elas é que mereçam estar ao seu lado, alguém tão sem sal quanto. Antes sozinha do que amarrada a algum traste que não sabe o que quer.

Gabriella Chame é uma ruiva desvairada que escreve porque as amigas não aguentam mais ouvir tantas teorias. 

Postado por Paula Lopes

0 comentários:

Postar um comentário