domingo, 29 de julho de 2012

o domingo

e eu sabia que esse dia tava chegando, que a gente ia se despedir e o fim concreto ia acontecer. imaginei que fosse ser pior. mais arrasador. foi estranho. triste. e eu sei agora o que é estar sozinha de verdade.
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mais uma.

acabo de saber que minha melhor amiga está namorando. um namoro fresquinho e que tem tudo pra dar certo. com direito ao felizes pra sempre. mais uma melhor amiga que namora, e eu só observo. com certeza mais uma amiga que daqui a algum tempo vai se afastar de mim. igual foi com as tantas outras. continuam amigas. mas não amigas de todos os momentos. sei lá. porque amiga é aquela que você confia, e conta tudo o que anda acontecendo na sua vida, a festa que você foi na sexta, o choro que chorou no sábado, e como seu domingo de despedidas foi tão triste e tão feliz. a MELHOR amiga é aquela com quem você viveu TUDO isso. e que você não precisa contar nada porque ela já sabe de tudo que você ta passando. há muito tempo não tinha alguém assim, e parece que a vida resolveu me tirar isso de novo. mais uma pessoa que daqui a algum tempo eu vou contar meus segredos. mas o que eu mais queria era alguém pra viver esses segredos comigo.
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sábado, 28 de julho de 2012

sei lá

me encontro naquele momento sei lá da vida, sem saber o que quero, se é certo ou vai ser bom pra mim, tudo me incomoda mesmo parecendo forte. sou arrogante e grossa sim, prefiro afastar as pessoas com esse meu jeito do que me machucar ou ferir alguém, algo quase impossível, não consigo praticar a solidão, sempre existe a esperança em alguém melhor ! pensei em pôr um ponto final na minha vida algumas vezes, na verdade, tenho medo do "após a morte". é assustador.
deposito tudo que resta de bom em mim no futuro, e que ainda consiga provar pra mim que o mundo não é injusto, que algo maravilhoso vai acontecer e vou entender porque nada deu certo antes.

texto escrito pela @marcelarabelo_
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meus pensamentos em 5 horas da manhã

nesse momento estou com a marcela, numa "festa do pijama" na casa da fabrícia. a gente conversando sobre coisas amorosas, decepções e todos esses bla bla. que coisa. parece que a gente sempre precisa de amor pra ter felicidade plena na vida. sem conflitos familiares, amizades confiáveis e que serão para sempre, boas notas, roupas da moda, objetivos alcançados, mas se não tiver um amor pra vida inteira com direito a felizes para sempre, nenhuma das outras felicidades valeram a pena. tudo em vão. uma vida inteira cheia de pequenas conquistas, e tudo isso significa nada se você não for dormir todas as noites pensando na mesma pessoa. se você não ficar relembrando algumas vezes no dia aquela cena em que ele disse o que você sempre sonhou em escutar, suas pequenas conquistas serão zeradas. idiotice. como diria martha medeiros, a gente não deveria colocar nossa felicidade na mão dos outros. MINHA felicidade, é minha e de mais ninguém. eu cuido dela. EU. to precisando aprender isso. e muito. agora são mais de 5 horas da manhã e quero chorar, não sei porque. ou talvez eu saiba e só não queria admitir nem pra mim mesma. e fim disso tudo.
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terça-feira, 24 de julho de 2012

Modo de usar-se

   "Coitada, foi usada por aquele cafajeste”. 


   Ouvi essa frase na beira da praia, num papo que rolava no guarda-sol ao lado. Pelo visto a coitada em questão financiou algum malandro, ou serviu de degrau para um alpinista social, sei lá, só sei que ela havia sido usada no pior sentido, deu pra perceber pelo tom do comentário. Mas não fiquei com pena da coitada, seja ela quem for.  
   Não costumo ir atrás desta história de “foi usada”. No que se refere a adultos, todo mundo sabe mais ou menos onde está se metendo, ninguém é totalmente inocente. Se nos usam, algum consentimento a gente deu, mesmo sem ter assinado procuração. E se estamos assim tão desfrutáveis para o uso alheio, seguramente é porque estamos nos usando pouco.
   Se for este o caso, seguem sugestões para usar a si mesmo: comer, beber, dormir e transar, nossas quatro necessidades básicas, sempre com segurança, mas também sem esquecer que estamos aqui para nos divertir. Usar-se nada mais é do que reconhecer a si próprio como uma fonte de prazer.
   Dançar sem medo de pagar mico, dizer o que pensa mesmo que isso contrarie as verdades estabelecidas, rir sem inibição – dane-se se aparecer a gengiva. Mas cuide da sua gengiva, cuide dos dentes, não se negligencie. Use seu médico, seu dentista, sua saúde.
   Use-se para progredir na vida. Alguma coisa você já deve ter aprendido até aqui. Encoste-se na sua própria experiência e intuição, honre sua história de vida, seu currículo, e se ele não for tão atraente, incremente-o. Use sua voz: marque entrevistas.
   Use sua simpatia: convença os outros. Use seus neurônios: pra todo o resto.
   E este coração acomodado aí no peito? Use-o, ora bolas. Não fique protegendo-se de frustrações só porque seu grande amor da adolescência não deu certo. Ou porque seu casamento até-que-a-morte-os-separe durou “apenas” 13 anos. Não enviuve de si mesmo, ninguém morreu.
   Use-se para conseguir uma passagem para a Patagônia, use-se para fazer amigos, use-se para evoluir. Use seus olhos para ler, chorar, reter cenas vistas e vividas – a memória e a emoção vêm muito do olho. Use os ouvidos para escutar boa música, estímulos e o silêncio mais completo. Use as pernas para pedalar, escalar, levantar da cama, ir aonde quiser. Seus dedos para pedir carona, escrever poemas, apontar distâncias. Sua boca pra sorrir, sua barriga para gerar filhos, seus seios para amamentar, seus braços para trabalhar, sua alma para preencher-se, seu cérebro para não morrer em vida.
   Use-se. Se você não fizer, algum engraçadinho o fará. E você virará assunto de beira de praia.

Martha Medeiros


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