terça-feira, 27 de novembro de 2012

Mais uma carta de agradecimento

Sabe, nem sei como começar a te agradecer por todas as coisas que aprendi nesse tempo em que estivemos juntos. Obrigada por me ensinar a sorrir com vontade e a viver com alegria. Acho que sem você eu jamais descobriria que meus sorrisos não passavam de meios sorrisos, e que minha alegria não tinha sequer um motivo. Obrigada por se tornar minha inspiração nos momentos em que nada parecia fazer sentido, pensar em você me faz imaginar histórias, imaginar histórias me faz escrever. Obrigada por me fazer rir de coisas bobas e por me ensinar que a companhia vale muito mais do que qualquer coisa. Com você sei que posso me divertir em qualquer lugar, a qualquer momento. Obrigada por ser igual a mim, daqueles malucos que falam e cantam sozinhos. Agora cantamos juntos. Obrigada por me fazer dormir quando os pesadelos e preocupações insistiam em tomar conta. Obrigada pelo seu cheirinho que fica no meu travesseiro toda vez que você vai embora. Obrigada pelo carinho e amor que você consegue transmitir em um olhar. Obrigada por me entender todas as vezes em que estive errada e por nunca desistir de mim. Obrigada por ter aparecido na minha vida de forma tão abrupta e por ter permanecido de forma tão permanente. Obrigada por ter me mostrado o que é paixão, aparecendo assim na minha vida, quando eu estava desacreditada de tudo. Obrigada por me lembrar que eu tenho um coração, e bem, hoje ele bate por você. Obrigada por todas as vezes em que você acreditou que eu seria capaz e que disse que eu conseguiria. Eu realmente consegui. Obrigada por todas as vezes em que me aguentou de TPM. Sei que não deve ter sido fácil. Obrigada pelo carinho que você tem com a minha família. Ver as pessoas que mais amo no mundo juntas é uma das coisas que mais me dá alegria. Obrigada por todas as madrugadas em que você me fez companhia. Ter insônia sozinho é ruim, mas ter insônia a dois é demais. Obrigada por todas suas dancinhas, suas bobeiras, por ter me ensinado a gostar de Batman, por ter me feito gostar de Seal, por me ensinar a ser um pouco menos inocente, por ser fofoqueiro junto comigo, pela confiança que você tem em mim, por me levar na aula em dias chuvosos, por me apoiar no meu trabalho, por ser meu melhor amigo, meu melhor namorado. Obrigada por assistir meus seriados comigo mesmo sabendo que você vai odiar, obrigada por me aguentar  falando na sua cabeça 24 horas por dia, obrigada por tratar bem minhas amigas, obrigada por cuidar de mim quando fico doente, obrigada pelo sorriso que você dá ao me ver. Obrigada pelo seu sotaque de carioquinha, por zoar meu sotaque de mineira, pelos cafunés, pela fungadinha de cachorro que dá no meu ouvido, por me fazer cosquinha mesmo sabendo que eu odeio, por entender meu trauma com escadas, por aceitar que eu coloque Katy Perry no seu carro e por ser quem você é.

Obrigada por me lembrar todos os dias o quanto você me ama. Às vezes é bom ter certeza que nossos sentimentos são correspondidos. Obrigada por ter aparecido na minha vida como quem não quer nada, ter bagunçado meus sentimentos e me feito a mulher mais feliz do mundo. Hoje, posso dizer que conheço o amor. E devo isso à você, Guilherme. Feliz 1 ano e 6 meses juntos. Te amo. Sempre e pra sempre. E ah, acima de tudo, obrigada por me mostrar que distância nenhuma é capaz de impedir um amor.

*Texto dedicado ao meu namorado, Guilherme, em comemoração ao nosso aniversário de 1 ano e 6 meses. Acreditem, o desapego um dia vira um grande amor.

Parabéns Isabela Freitas pelo seu melhor texto, e por expressar tudo que eu estou sentindo.
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domingo, 25 de novembro de 2012

A arte do desapego


Há um ditado que diz que o verdadeiro amor está na renúncia. Porque se nada nessa vida é permanente, não há lógica em esperarmos que os amores o sejam. Nosso lado romântico torce para isso afinal, ninguém começa uma relação já pensando em quando ela vai terminar. Ainda bem.Essa embriaguez que o início das paixões provoca na gente nos permite viver o hoje, em vez de focarmos num futuro que não nos pertence ainda. E quando entendemos que o que temos é somente o agora vivemos cada segundo intensamente, pois ele nunca mais vai se repetir.
Enquanto o agora for feliz, vale a pena. Mas no momento em que ele deixar de provocar felicidade, precisamos aprender algo que só a experiência nos ensina: deixar ir. Nunca é fácil. O cheiro do outro parece insistir em permanecer pela casa. Tem o livro que ele esqueceu na estante. A camiseta da qual você se apossou. Aquela bolacha de aveia que ela adorava – e você não – e que hoje mofa na dispensa. Tem o relógio que bate 21h todos os dias – a hora em que vocês se falavam a noite. Tem o vazio na parede do porta-retratos que foi parar numa caixa escura. Tem o vício da companhia do café depois do almoço. Tem a paçoquinha que ele te trazia todo dia quando chegava em casa. Tem a cama de casal que agora parece vazia demais.
Dói. Pode parece bobagem, mas é extremamente difícil nos livrarmos desses pequenos fragmentos do passado que carregam com eles memórias – algumas boas, outras nem tanto, mas todas remetem a uma coisa que deixou de existir e que, portanto, deixou saudades. Mas somente desapegando conseguimos virar a página. Não dá pra levar as pastas e os arquivos do trabalho antigo pra o trabalho novo. Para que coisas novas possam chegar, é preciso deixar ir. 
E quando o novo chega, você finalmente entende a importância desse processo. Você percebe que o vazio que pareceu ficar com o desprendimento foi logo ocupado por algo que te trouxe felicidade. De repente as memórias que doíam tanto hoje não doem mais. A ferida fechou e fez surgir uma nova pele. E com ela, promessas de um futuro bom.
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Contra o amor

O início pode parecer um tropeço, já que ninguém são vai ser contra o amor, mas há os que, em lapsos de mornas temperaturas, opõem o amor e a paixão. E se o conflito é esse, o título é uma escolha de lados.
A paixão é sempre avassaladora, traz o nosso melhor, o nosso pior, e não deixa saber qual é qual. O amor é uma lareira quentinha que arde continuamente, estável, serena. E quem pode ser contra as lareiras quentinhas, senão os loucos? A paixão é como se toda a energia da lenha queimasse de uma vez, em um brilho que cega e tudo consome, como uma supernova. Depois, talvez só haja lenha em outras constelações, pode aparecer mais lenha, infinitamente, ou pode não sobrar nada jamais. Observe um apaixonado e você vai ver alguém que não está mais de posse das suas faculdades mentais, ou mesmo do mínimo de autocontrole.
Dizem que a paixão é tóxica, e ela é, mas e daí? Nós amamos as drogas. E somente a embriaguez da paixão é digna de arte. O amor, para ser arte, só se for difícil, como os do Calvino, não realizado, como os desprovidos de entrega, ou mesmo completamente impossíveis. Os amores possíveis começam a morrer no dia em que se concretizam, segundo um tal de Eça de Queiroz. Há controvérsias, só que, de fato, nada jamais chegará aos pés do amor que não acontece, este sim mais idealizado que a mais brutal das paixões.
As pessoas falam em histórias de amor e o assunto sempre esbarra em Romeu e Julieta. Até que eu li por aí: “Romeu e Julieta não é uma história de amor. É um romance relâmpago entre uma menina de 13 anos e um carinha de 17, que dura três dias e termina com seis mortos”. É a paixão que torna a história saborosa, assim como a vida. História de amor, amor mesmo, são os primeiros cinco minutos de “UP – Altas aventuras”. É lindo de chorar, mas é isso, cinco minutos de filme. O resto são cachorros falantes no fim do mundo, e nostalgia.
Alguém disse que viu mais amizades que paixões se transformarem em amor. Será? O universo da amizade é muito maior, por ser plural, e existem mais amizades que paixões. Mesmo assim, senão uma fração daquelas se transforma em amor. As que se arriscam, em geral, sofrem de unilateralidade e exílio na “zona da amizade” mesmo.
Esperar que o amor venha da amizade, sem uma paixão devastadora junto, é uma das coisas mais mornas e acomodadas que já ouvi falar. É como uma apólice de seguros. É o amor servido como uma dobrada fria. Você ir fazendo um “filtro de compatibilidade” do seu círculo de amigos, que já são pessoas por quem você tem apreço, até que isso se torne, suavemente, uma opção amorosa, equivale a tratos do tipo “se eu e você chegarmos solteiros aos 40, a gente casa um com o outro, tá?”
Apaixonar-se é dar murro em ponta de faca mesmo. A paixão não cega as pessoas para os defeitos dos outros. Como poderia? O que ela faz é aumentar a nossa capacidade de relevar, de não dar a mínima, de nem ligar que ela tenha essas esquisitices, e não de achar que defeitos não existem e, então, se desapontar quando caem as máscaras, ou quando passa o afã.
Pela sua força explosiva, a paixão é efêmera mesmo. Ninguém consegue se manter nesse estado, nessa intensidade por décadas, anos, ou seriam dias? Difícil achar uma medida de tempo, mas nem o amor consegue essa longevidade toda. Um amor que nasça de uma paixão, de uma conexão profunda formada no coração em chamas de uma estrela, é mais bonito e vivo que um amor sereno, gradativo e limpo.
Orson Welles disse que “se você quer um final feliz, isso depende, é claro, de onde você para a história.”
Pensando bem, paixão é sofrimento e um amor tranquilo é um bálsamo para a alma. O amor é seguro, confia na sua estabilidade. A paixão é onde a gente tropeça, se envergonha, faz papel de bobo e, muitas vezes, acaba sendo a causa do seu próprio ocaso.
A paixão teme o seu próprio fim e por isso se agarra à vida. Mesmo explosiva, a paixão permite que se faça amor de forma lenta, sentida, transpirando o desejo de que aquele momento não acabe nunca, nunca, nunca, que aquele enlace jamais termine. Mas tudo termina, não?
A vida é muito curta. É instável. Pode acabar de surpresa. A paixão é mais parecida com a vida que o amor.
Um universo que força você a escolher entre paixão e amor é um filho da puta, porque o melhor dos mundos é o encontro das duas coisas. Uma vida só de paixão, sem amor, é sofrida demais. Mas se insistem em tornar a paixão um veneno vil, oposta ao amor, então sou contra o amor.

Renato Kaufmann 

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Sobre o tempo do amor

"Quero deixar claro que eu acredito (e muito) no amor. Acho, mesmo, que existem amores que duram uma vida inteirinha. Ou o tempo que precisam durar. Porque certas coisas não são eternas, não. Mas duram o tempo certo. Só porque terminou não quer dizer que deu errado. As pessoas têm a mania de achar que se acabou é porque tudo foi perdido. Discordo. Qualquer relacionamento, bom ou ruim, traz experiência e maturidade emocional. Só que os romances duram o tempo que precisam."

Clarissa Corrêa
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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O impulso em prol da mudança

Este primeiro arcano representa a síntese de seu momento afetivo. Uma carta que serve como prévia dos principais aspectos que cercam a questão. Descubra nesta posição o potencial básico do que perguntou.
O Pagem de Paus como significante central de sua questão afetiva sugere seu grande desejo de mudança, Paula, todavia se trata de um desejo sem muita praticidade, como se você ficasse esperando que as coisas acontecessem, ao invés de tomar atitudes objetivas. De todo modo, trata-se de uma percepção de que as coisas não podem continuar como estão e que demandam transformações. É como se você paulatinamente tomasse consciência dos pontos que precisam ser modificados e começasse – lentamente, vale dizer – a se mover na direção devida. Você provavelmente está sentindo uma grande inquietação ou até mesmo uma sensação de insatisfação, mas talvez estes sentimentos ainda não sejam suficientemente fortes para lhe levar a atitudes resolutivas. Tudo tem seu tempo certo.

Meu tarot me dando o melhor conselho e me ajudando nesse momento de decisões que podem ter muitas consequências..
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Promessas matrimoniais


Em maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que achava bonito o ritual do casamento a igreja, com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos, mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre. “Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?” Acho simplista e um pouco fora da realidade. Dou aqui novas sugestões de sermões:
- Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?
- Promete saber ser amiga(o) e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?
- Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?
- Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?
- Promete se deixar conhecer?
- Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?
- Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?
- Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?
- Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?
- Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?
Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher: declaro-os maduros.
Sobre a autora: Martha Medeiros (Porto Alegre, 20 de agosto de 1961) é uma jornalista e escritora brasileira. Filha de José Bernardo Barreto de Medeiros e Isabel Mattos de Medeiros, é colunista do jornal Zero Hora de Porto Alegre, e de O Globo, do Rio de Janeiro.
Casou-se com o publicitário Luiz Telmo de Oliveira Ramos e tem duas filhas. Estudou no Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho, tradicional de Porto Alegre, localizado nos arredores do bairro Moinhos de Vento. Formou-se em 1982 na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre.
Trabalhou em propaganda e publicidade, mas logo se sentiu frustrada com a carreira. Quando seu marido recebeu uma proposta de trabalho no Chile, decidiu que uma mudança de país seria uma ótima oportunidade para dar um tempo na profissão. Esta estada de nove meses no Chile, na qual passou escrevendo poesia, acabou sendo um divisor de águas na sua vida. Quando voltou para Porto Alegre, começou a escrever crônicas para jornal e, a partir daí, sua carreira literária deslanchou.
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O primeiro mês (com você)


Sou do tipo de garota que vive falando de amor. Como dizem, ro-mân-ti-ca. Escrevo sobre esse tal sentimento louco pelo menos uma vez por dia. Mas nem sempre tudo é tão lindo e concreto como parece na maioria dos meus textos. Confesso que nos últimos meses andei desacreditando das minhas próprias teorias. Voltei atrás e segui em frente tantas vezes que até perdi a conta. Minhas amigas nem devem mais me levar a sério. Meus desabafos eram tão contraditórios que em alguns momentos, até eu duvidei de mim mesma. Aquela maldita sensação de fragilidade me tornou tão vulnerável e indecisa nos primeiros meses. Bastava meia dúzia de palavras ou sei lá, um filme desses de comédia romântica com final feliz, e lá estava eu olhando pela janela e desejando que Deus colocasse alguém na minha vida. Alguém que eu pudesse confiar de verdade, apesar da minha mãe dizer que só podemos sentir isso por membros da família.
Eu não queria mais um cara perfeito. Aliás, minha experiência com caras assim foi totalmente frustrante. Dos que conheci, ou eram gays ou eram ocos. Nada contra garotos assim, mas é que meu coração além de besta é exigente. Não queria ter que passar por essa fase de amores platônicos aos 18 anos. Dos problemas da minha nova vida, já me bastam os que aparecem a cada minuto na caixa de entrada do Gmail.
Meu sonho de consumo era alguém que se importasse de verdade. Simples assim. Depois de tanto embarcar e desembarcar por aí, conhecer e conversar com pessoas completamente diferentes, percebi que meu amor não dá a mínima para estereótipos e opiniões alheias. O cara que me ganhou, aos pouquinhos, é um garoto mais novo que veio por coincidência, do mesmo lugar que eu: da terra dos que sonham alto e bem cedo. É você.
Demoramos alguns meses para compreender. Duvidei dos meus sentimentos e fiz promessas que foram quebradas com um simples apertar de botão do teclado. Virei madrugadas e bati meu próprio recorde em duração de chamada telefônica. Disse aquelas palavras e logo depois da sua atitude infantil, deixei o tempo me guiar e até me escondi no passado. Perdi (ou será que joguei fora?) o mapa e andei em círculos até perceber que não tem como driblar o destino.
Nos últimos meses as coisas mudaram. Você mudou. Sinto orgulho por fazer parte disso, e como você mesmo já disse, ser uma das grandes causas. Acredito que lá na frente, juntos ou separados, vamos nos lembrar com muito carinho dessa época. Quando desconhecíamos essa cidade cinza. Quando nos conhecemos de verdade. Com defeitos, manias e lembranças. Como amigos, como namorados, como amantes. Eu tenho mil motivos para te achar o cara mais idiota do mundo (quando você está com sono ou no meio de desconhecidos ainda mais que isso), mas cada vez que te vejo, sinto que sua presença se torna fundamental para um dia realmente feliz e inesquecível.
É isso. Obrigada por tudo que você tem me ensinado. Sobre a vida, sobre internet, sobre o amor. Obrigada também por me deixar te ensinar tanta coisa. Meus sonhos e certezas, quando compartilhados com você, se tornaram ainda mais reais. Feliz um mês de namoro.


Bruna Vieira, e como eu vou estar daqui a algum tempo =)
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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Ogrodoce


Você voltou rápido do banheiro. Eu só fui cuspir o chiclete. Por que não cuspiu nessa catarreira aí do lado? Porque isso é um troço de botar velas. Eu tomei uma garrafa inteira de vinho, acho melhor ir pra casa. Acho que você deveria ficar. Acho que se eu ficar, vou querer ver seus peitos. Agora não rola, tem criança aqui.
Olha bem: é uma anã. Eu não gosto da minha bunda. Sua bunda é bonita, você é toda bonita, bonita normal, mas seus peitos são internacionais. Eu gostei da sua calça molinha, dá pra sentir exatamente como é o seu pau. Você não quer sentir ele na boca? Quero, assim que as crianças forem embora. Olha bem: é uma anã. Não é. Mas ela tá fumando. Meu Deus, é mesmo uma anã. Então chupa meu pau? Espera, vamos pra minha casa? Você vai me levar pra sua casa? Só se você prometer que não vai me matar. Eu prometo, até porque tô sem tempo hoje. Se você fizer assim eu não vou conseguir dirigir. Dirige assim, quero ver. Não posso bater o carro, eu vou vender o carro na quarta. Tá perto? Eu tô com muito tesão. Eu também. Mas eu tomo um remédio que mexe com a minha libido, tô achando estranho tanto tesão. Eu não tomo nada mas deveria porque eu não durmo. Dorme na minha casa. Você disse que odeia que durmam na sua casa. Mas eu gosto de você. Eu gostei do seu cheiro. Do meu cheiro ou do perfume? Não sei. Eu gostei de você porque você é meio ogro, meio doce, você é ogrodoce. Você está tão sensual agora. Só agora? Só. Mas estamos juntos desde as seis da tarde e só fiquei sensual agora? Só. Mas eu te fiz rir das seis da tarde até agora. Macaco de circo não é sensual, é divertido, é legal, mas não é sensual. Eu sempre achei que ser engraçada era meu ponto forte. Não é. (________). Você ficou mal com o que eu falei? Muito. Por quê? Porque sem fazer piada eu não sei fazer mais nada. Então chupa meu pau. Tenho nojo sem estar apaixonada. Então se apaixona. Tá. Chegamos? Sim. Legal aqui, pequeno mas legal. E se eu falar o mesmo de você? Vai voltar a fazer piada? Eu não consigo parar. Para só um pouco, só um pouco. Vou tentar. Se desarma, vai. Vou tentar. Posso ver agora? Pode. Posso tirar a calça? Pode. Então tira a bota antes, botas são complicadas. Tiro. Você só me obedece? Só. Ah não, você tá fazendo graça! Tô. Não faz graça, se entrega, fazer graça é sua defesa, não se defende, eu tô bêbado, eu não tô me defendendo. Pra você é fácil. Por quê? Porque você é homem. Homem morre de medo de mulher como você. Como sou eu? O tempo todo analisando profundidades, dando notas de desempenho para almas. Notas? É, você é a Bruna Surfistinha da profundidade. Eu quero chupar seu pau. Não, antes eu quero ver uma coisa. Pode ver. Você tá com frio? Não, eu tô tremendo porque gosto tanto de você.
Calma. Eu sei. Calma. Eu sei. Posso? Espera, deixa eu pegar a camisinha. Onde tem? Ali. Você é safada. Por que tenho camisinha perto da cama? Amanhã quando eu for embora seu porteiro vai rir e pensar "essa dona do 64 não perde tempo". Eu sou uma vadia porque vou transar com você e acabei de te conhecer? Não! É? Não. Então não. Chupa mais um pouco antes de eu colocar. (___________). Espera, devagar. Tá. Posso? Pode. Vira? Viro. Fica assim? Fico. O que foi? Doeu um pouco. Desculpa. Não. Não desculpa? Desculpo, mas não, não para. Eu posso gozar? Pode. E você? Eu vou bem, obrigada. Não faz piada agora, peloamor, eu tô quase gozando e você continua armada. Desculpa, mas me sinto sexy sendo engracada. Você é muito sexy sendo engraçada. Você disse que não. Eu menti. Adoro essa música. O que é isso? Animal Collective. Não curto essas coisas estranhas, meio eletrônicas, meio sei lá. Você tem o melhor beijo do ano, o melhor sexo oral do ano, a mão quente, a boca quente, é tudo tão gostoso. Sério que você não vai falar do meu pau? Seu pau é lindo. Eu nunca imaginei que seria tão bom. Por quê? Porque você é metidinha intelectual, nhãnhãnhã. Posso lamber sua tatuagem? Posso te enforcar um pouco? Eu dou defeito. Toda mulher dá defeito, mas você parece ser o tipo louca que dá defeito rápido. Eu já tô dando defeito. Eu vou gozar. Goza. !!!!!!!!!!!!, eu tô com vergonha. Por quê? Por causa do escândalo. Foi lindo, você parecia a Luisa Marilac falando "porra" e tomando uns bons drink na Eu-ro-pa. Eu pareço um traveco gozando? Desculpa, eu não consigo parar de fazer piada. Eu vou embora. Mais cinco, por favor? Trepadas? Não, minutos. Eu preciso ir. Por quê? Pra não ficar pra sempre. Fica pra sempre. Por quê? Porque aqui tem amor, dinheiro e tarja preta, você pode só descansar existindo, eu faço o resto todo. Tarja preta vicia. Dinheiro também. Você tá tirando onda de rica? Não, eu tô tirando onda de homem. Você é uma menininha. Perto de você eu consigo ser e você não sabe o prazer que isso me dá. Se sentir menina? Estar com um homem, eu só andei com moleques nos últimos anos. Eu sou velho? Você é bonito demais. Eu sou bonito porque você admira meu trabalho, eu não sou bonito tipo andando na rua. Você é bonito tipo andando na rua. Seus peitos são internacionais. Leva um e me deixa com o outro. Qual você quer me dar? O que tem o coração. Você vai pro Rio quando? Eu quero te ver de novo. Então, vai pro Rio. Eu tenho fobia do Rio. Eu também. Porque lá é tudo feliz mas eu me sinto sozinha.
Exatamente. Quero tanto te ver. Dá próxima vez você é que vai pagar o vinho. Mas foi você que bebeu. Não interessa. Fala "não interessa" de novo. Não interessa. Adoro sua voz. E o que mais? E sua mão quente e seu beijo calminho e intenso e seu jeito de lamber antes a calcinha pra ver se tava cheirando bem. Tava cheirando ótimo. Mas eu trabalhei o dia inteiro. Mas tava ótimo. Cheiro ou combina ou não combina. É. É. Chama um táxi. Não. Eu ficaria mais se não tivesse que arrumar as malas. Não arruma, fica pelado pra sempre, você é tão bonito pelado. Vou jogar isso fora antes que caia tudo na sua cama. Deixa cair, engravida minha solidão. Que bonito isso, você deveria ser escritora. Que cínico você, deveria ser ator. Eu ficaria mais. Eu não gosto nunca de nada e gostei tanto de você. É? Droga. O quê? Eu falando de gostar. E daí? E daí que vai acontecer tudo de novo. O quê? Vou sentir demais, falar demais, escrever demais, você vai embora. Agora eu vou embora. E depois? Depois não sei. Tá. Eu ficaria, sério, eu ficaria muito, muito, muito. Eu sei. Mas agora eu vou. Então tira o dedo dai. Não consigo. Então não tira. Eu queria foder o dia inteiro com você. Eu queria foder a vida inteira com você. Você é exagerada. É só como dá pra ser. Chupa meu pau? Pra sempre. 

Tati Bernardi, sendo perfeita, as always.
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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Recado aos desapaixonados


O amor vicia. Amar faz de nós completamente tolos e drogados capazes de fazer qualquer coisa por qualquer pessoa. Quando amamos alguém, automaticamente queremos essa pessoa mais perto de nós a cada minuto da nossa rotina. Queremos que ela nos entenda mais do que a nós mesmos, apesar disso nunca acontecer (talvez seja esse o motivo das ilustres DRs). E daí vem os famosos finais de semana no cinema, ligações na madrugada, mensagens de “bom dia” ou de “bons sonhos”, apelidos ridículos, e reclamações dos nossos amigos que não se conformam com tamanha falta de tempo. É, o amor faz isso, é tudo culpa dele.
Conheço pessoas que têm tanto medo dessa droga que é incapaz até de tentar usá-la. Se dizem “não-apaixonados” natos, mas acredito que isso tenha outro nome. Insegurança. Essa história de que não é o momento de se apaixonar é uma grande hipocrisia dita por quem sofre daquele mal. Daquele famoso mal que não nos deixa ficar pendurados na janela do 21º andar, ou que nos proíbe de fazer sexo sem camisinha. O medo. É, as consequências podem ser assustadoras. O medo nos faz enxergar as coisas diferentes. É como aquela última vez que tentou começar uma dieta na segunda-feira. Disse isso na sexta, mas teve uma outra visão quando chegou segunda. É assim também. Falar que não é do tipo que se apaixona é só mais uma forma de se defender dessa (terrível) droga. Falar que não é o momento, ou que está sem cabeça pra isso, só mostra o quanto de tempo você está perdendo, em vez de tentar ser feliz logo de uma vez. E isso não quer dizer que você não seja feliz solteiro. Só quer dizer que você pode ter alguém para compartilhar a sua felicidade e vivê-la com você.
O grande problema é que a maioria dos “não-apaixonados-inseguros” não querem mudar seus status para “em um relacionamento sério”. -A vida já é séria demais, e logo a nossa diversão dos finais de semana vai se tornar séria também? Ah, não. Confundem relacionamento com posse, e qualquer sentimento que deve ser levado a sério causa um leve desespero. Mas ainda há aqueles que gostam do desafio. Gostam do desafio de se envolver, de se jogar de cabeça quando o coração fala mais alto. É uma droga tão alucinante que até os “não-apaixonados-inseguros” um dia caem na real e veem que precisam dela.
O amor não é o tipo de droga que se escolhe, ele acontece. E o acontecer é muito mais incrível do que qualquer situação tão fortemente forjada. Viver esse acontecer faz parte do nosso crescimento. É também uma das coisas que formam a nossa personalidade. Tanto para nós, quanto para as pessoas ao nosso redor.
E quem insiste em dizer que ainda não é o momento, desculpe a ousadia, mas é porque provavelmente essa droga já está te afetando. Falta só coragem para usá-la.

Caroline Fernandes
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terça-feira, 30 de outubro de 2012

26 coisas que todo homem deveria saber


Estou apenas encantada com o blog Casal Sem Vergonha, com textos descontraídos e leves, você navega horas e horas e aprende muito..

1- Mulheres que mostram demais o corpo provavelmente o fazem porque não têm mais nada de interessante pra mostrar. Se quiser investir mesmo assim, esteja ciente das consequências.
2- Seu carro não é a extensão do seu pinto. Só homens limitados acreditam no contrário.
3- Você PRECISA aprender a fazer sexo oral nas mulheres. Na dúvida, treine comendo danoninho sem colher.
4- Ligue no dia seguinte ou pelo menos envie um SMS. Sempre que for esnobar uma mulher, pense que ela poderia ser a sua irmã.
5- Atitude é o que diferencia um homem interessante de um homem medíocre.
6- Na dúvida, chegue nela. Melhor lidar com um fora do que com o fracasso de nem ter tentado.
7- Não existe essa de dar só uma entradinha sem camisinha. Pintos não têm ombro – entrou a cabeça o resto automaticamente vai junto.
8- Falando nisso, você não achou seu pinto na lata de lixo. Nunca se sinta obrigado a transar com uma mulher que não vale a pena só pra provar sua masculinidade.
9- Nunca dê um presente para uma mulher sem cartão. Ele perde 80% da graça.
10- Na dúvida, calça jeans e camiseta branca. Elas adoram.
11- Aprenda a cozinhar algo além de ovo frito. Mulheres adoram perceber que o homem gastou seu tempo preparando algo especial para elas.
12- Assim que perceber que uma mulher está fazendo charminho, fuja. Você está se livrando com antecedência de uma mulher manipuladora.
13- Se perceber que ela está com TPM não tente entendê-la. Vá pra cozinha fazer um brigadeiro e espere ela voltar ao normal.
14- Seja observador. Mulheres adoram indiretas.
15- Se tiver que escolher entre um ursinho de pelúcia ou um buquê de flores, opte por um par de sapatos.
16- Pague a conta no primeiro encontro. Não é sua obrigação, mas demonstra gentileza.
17- Desconfie de mulheres que não aceitam rachar a conta do motel. Elas, indiretamente, estão querendo que você pague para comê-las.
18- Não espere que ela peça carinho. Se adiante e faça primeiro.
19- Se tiver que optar entre malhar o corpo ou o cérebro, nunca questione – opte sempre pelo segundo.
20- Nunca goze antes dela.
21- Somente homens ruins de cama acham que sabem tudo sobre sexo. Não seja um deles.
22- Aprenda a arte de elogiar. Se você não disser que a achou linda hoje, ela nunca vai saber.
23- Nunca seja irresponsável com o sentimento de outra pessoa. Tudo o que você faz volta em dobro, como um boomerang que te acerta em cheio na cabeça.
24- Pegue-a com vontade. Beije-a com vontade. Coisas mornas não valem a pena.
25- Se sua mulher não souber fazer um bom boquete, ensine-a. Jamais se conforme em não ter direito a esse prazer na vida.
26- Aprenda de uma vez por todas que qualidade é infinitamente melhor do que quantidade. Lembre-se disso da próxima vez em que encher a boca pra contar pros seus amigos “quantas minas pegou na balada”.
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Conselho aos desesperados por um par: continuem sozinhos


A vida é realmente muito melhor com companhia. Mas, aqui vem a regra de ouro – tem que ser com a companhia certa. O mundo está cheio de gente desesperada para namorar, casar, noivar, ou para conseguir um cobertor de orelha qualquer que o aqueça neste inverno. E está cheio de gente frustrada, reclamando aos quatro ventos que não serve para essa coisa de relacionamentos.
Bem se vê que não serve mesmo, já que saiu por aí escolhendo qualquer um. Aí vai uma dica. A modernidade trouxe um montão de coisas bacanas para gente. Eu não saio de casa sem meu celular, consigo encontrar qualquer endereço fazendo uso de um GPS, e falo com amigos em outro continente sem pagar nada em ligações pela internet. Mas eu diria que, no mundo dos relacionamentos, o grande avanço da modernidade foi a tal da ficada.
Quando eu tinha lá pelos 12 anos, surgiu essa coisa nova chamada Ficar. Pais tremiam na base, professores não sabiam o que era direito e, na dúvida, era melhor não incentivar. Mas que grande ganho para a humanidade! A partir daquele momento, o namoro não era mais o momento em que você conhecia uma pessoa para ver se ela servia ou não. Até porque, apresentar para os pais, os amigos, para os contatos do Facebook, sem nem saber direito se a pessoa vale a pena ou não? Hoje parece estranho, mas era o normal da época em que namoro era dar as mãos no sofá com a supervisão do pai na sala de estar da casa dela.
Agora, a vida não é mais tão complicada assim. Na maioria das vezes, a palavra namoro só aparece tempos depois do primeiro beijo. Por isso que eu não entendo quanta gente abre seu coração, entrega a vida, namora e faz planos, com quem não merece. E pior: com quem é descaradamente a pessoa errada para o indivíduo confuso em questão. Todo mundo aqui já passou pela situação de conhecer o namorado/namorada do amigo e pensar na hora: Mas como esses dois foram achar que combinam? Pois é culpa daquele velho desespero.
Na nossa sociedade, aquela mesma que promoveu o Ficar lá atrás, ser sozinho é sinônimo de ser fracassado. Chega aquele churrasco de comemoração de dez anos do seu colegial. Imagine a cena: todos os seus amigos casados, metade deles com filhos, carreiras brilhantes, tudo definido e você sozinho? Soa mal, soa bem mal. Mas não tem que ser assim. Afinal de contas, sua vida é pra você, e, como diziam nossas mães, ninguém paga suas contas.
Portanto, aqui vai minha grande sugestão para os corações solitários à busca de um amor. Continue sozinho. Tire um ano sabático de sua vida amorosa. Continue solitário assim até achar alguém que mereça fazer com que você desista disso. A vida de solteiro tem suas vantagens, e a maior de todas é que o mundo todo está aberto em uma grande possibilidade bem diante dos seus olhos. Tem algo de mágico em imaginar que a próxima esquina pode ser o lugar onde você vai conhecer a mulher ou o homem dos seus sonhos, e viver aquela grande aventura com que todo mundo, lá no fundo, fantasia. Só não saia distribuindo passagens por aí e depois reclame que a viagem não foi grande coisa. O meu mundo não é lotação, é área VIP.

Vana Medeiros
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Será que sou a única idiota do mundo?


Olho para a pilha de papéis que devo ler e anotar em vermelho e penso: caguei. Preferia umas cem vezes te ver saindo do banho novamente, limpo de mim. Pronto pra se sujar de mim novamente. Aí olho para essa pilha de livros que ensinam a roteirizar e penso: grande merda. Prefiria repassar pela milésima vez o roteiro que começa com você me beijando mais intenso, evolui pra você me beijando mais pra baixo e termina com você me beijando já sem forças.
Daqui a quarenta minutos chega o Paulão, meu personal. Mas eu olho para a minha roupinha de ginástica esticadinha em cima da cama e penso: foda-se. Preferia ouvir você dizendo de novo: vai, é sua vez de malhar. Preferia me irritar de novo com a sua preguiça de ficar em cima.
Chegou um e-mail com a programação completa do meu curso de yoga. Chegou outro com uma planilha de Excel cheia de datas que eu devo cumprir. Chegou outro com a mais nova modalidade de assalto na Henrique Schaumann. Grande bosta. Eu só queria que chegasse um e-mail seu. Ou melhor: que você chegasse ao vivo. E que você me trouxesse aqui a sua barriga, a sua nuca, a parte mais branca das sua coxas, a sua cara de bravo até pra sentir prazer e o seu cheiro de cigarro com amaciante. Me traz você, por favor. Me traz e leva embora todas essas coisas chatas que só servem para ocupar minhas horas enquanto você não chega.
Meu jornal me diz que a Record comeu uma boa parte do share. E eu querendo comer você. Minha revista me diz que a Petrobrás comprou a Ipiranga. E eu querendo te trazer numa sacola e te usar dos pés à cabeça. A internet me diz que a crise aérea não tem solução. E essa minha saudade de você? Será que tem? Não, o segundo casamento não é uma praga papa, praga é sentir isso. Praga é acumular jornais, revistas, livros e papelada. Tudo sem ler. Tudo sem sentir. Porque me jogar pelos cantos e suspirar você é só o que eu consigo fazer.
Aí eu tomo um banho bem quente, pra te espantar da minha pele. E canto bem alto, pra te espantar da minha alma. E escovo minha lingua bem forte, pra separar seu gosto do meu. E quase vomito, pra parir você do meu fígado. E tento ser prática e parar de suspirar. E tento abrir a geladeira sem me perguntar o que eu poderia comprar pra te agradar. E tento me vestir sem carregar a esperança de esbarrar com você por aí. E tento ouvir uma música sem lembrar que você gosta de se esfregar de lado em mim. E tento colocar uma simples calcinha e não uma bala perdida pronta pra acertar você. E tento ser só eu, simplesmente eu, novamente, sem esse morador pentelho que resolveu acampar em mim. E nada disso adianta. E o esforço pra não fazer nada disso já é fazer tudo isso.
E eu escrevo um parágrafo e corro pra ver se tem e-mail. E eu escrevo uma linha e corro pra ver se tem mensagem de texto. E eu não escrevo nada e também não corro, apenas deixo você chegar aqui do meu lado, em pensamento. E me pego sorrindo, sozinha. E me pego nem aí para todo o resto.
Mas sabe o que acontece enquanto isso? Enquanto eu não me movo porque estou lotada de você e me mover pesa demais? O mundo acontece. O mundo gira. As pessoas importantes assinam contratos, ganham dinheiro. As pessoas simples lutam por um lugar na condução, um lugar no mundo. Estão todos lutando. Estão todos ganhando dinheiro. Estão todos fazendo algo mais importante e mais maduro do que suspirar como uma idiota e só pensar em você.
Eu tenho muita inveja dessas pessoas maravilhosas, adultas, evoluídas e espertas que conseguem separar a hora de ir a uma reunião de condomínio com a hora de desejar alguém na escada do condomínio. A hora de marcar o dentista com a hora de engolir alguém. A hora de procurar a palavra “macambúzio” no dicionário com a hora de se perder com as suas palavras que de tão simples parecem complexas. A hora de ser inteira e a hora de catar meus pedaços pelo mundo enquanto você dá sinais desmembrados.
Eu não consigo nada disso, eu me embanano toda, misturo tudo, bagunço tudo. A minha única dúvida é se sou a única idiota a fazer isso comigo ou se sou a única idiota a admitir que faço isso comigo.

Tati Bernardi é.. a escritora que representa meu lado revoltada. e independente. e moderno. e ainda assim, tão carente.
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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

E se ?

E se você jogasse tudo pro alto? Se mudasse os planos, se descobrisse que a resposta que você tanto procurava estava bem ali na sua frente e você batendo cabeça? E se percebesse que tudo que você sempre planejou aconteceu e você não está tão feliz? Se começasse a se perguntar se vale a pena levar uma vida tão séria se tudo vai acabar mesmo? E se quisesse escrever uma nova história, trilhar um novo caminho, teria coragem de mudar o rumo? E se deixássemos de viver na comodidade, com aquele velho espirito da rotina, pra viver o que sonhamos quando crianças? E se você questionasse se o que faz é realmente o que quer ou o que lhe dizem que deve ser feito, você surtaria? E se resolvesse ser feliz do jeito que bem entendesse, quantas pessoas ficariam do seu lado? Talvez a gente nunca saiba.

Gabriella Chame é uma ruiva desvairada que escreve porque as amigas não aguentam mais ouvir tantas teorias. 
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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O amor chega em uma hora

Daqui a uma hora ele chega. Não deu tempo de consertar o esfolado da minha unha e de esfoliar decentemente os pêlos encravados. Esfolado, esfoliado. Tudo parece música e rima mas é só porque você chega em uma hora. Tem um carro que passa lá longe, enquanto eu tento abrir os olhos e encarar esse dia em que você chega. Esse carro não sabe, mas foram mil anos abrindo os olhos e ouvindo carros e ouvindo ruas e não ouvindo a sua voz. E agora a sua voz existe e você chega em uma hora. Não estou pronta. Minha barriga dói. Eu tenho vontade de vomitar. Eu não consigo comer de tanto medo que eu estou sentindo. Eu quase desmaiei agora de manhã, porque pra piorar está calor. Não lido bem com calor. Não lido bem com nada que não seja eu em minha bolha arejada de imaginações. Mentira, não lido bem com minha bolha arejada de imaginações também. Não lido bem com nada. Não deu tempo de virar mulher. A hora que ele aparecer no desembarque do aeroporto, com sua cara de homem, com sua voz de homem, eu vou ter vontade de pedir que ele volte de onde veio e espere mais cem anos. Porque não deu tempo de eu virar mulher. Eu vou ter vontade de pedir que ele me carregue no colo até a casa da minha mãe e me entregue pra ela. Eu queria tomar sopa na casa da minha mãe. Eu lembrei agora que minha mãe me dava Sustagem quando eu ficava assim, tão assustadoramente encantada pelo mistério das coisas. E ela temia que eu desintegrasse. E agora? Como faz quando se é adulta? Qual é a sustagem de agora para que eu não desintegre? Como é que se ama com um corpo de trinta e três anos se por dentro eu tenho cinco anos e estou tremendo, apavorada, pressentindo o estrago que as coisas de verdade podem causar. Por que eu chamo de estrago quando sei que, na verdade, estrago é o que as coisas que não são de verdade causam. Eu tenho tamanho pra suportar o tamanho das coisas de verdade? 
O amor chega em uma hora e eu ainda não consegui comer, escolher a roupa, arrumar minha franja, decidir se já posso amar. O amor chega em uma hora e vai quebrar meu gesso mas eu não decidi se os ossos já estão bons o suficiente. Mas ele vai chegar com trinta martelos e eu vou estar esperando, forte e decidida, pra receber a porrada. E o ar que vai entrar. E mais dor. E o ar que vai entrar. E quem sabe então alguma felicidade, já que fui corajosa. Quem sabe a felicidade seja a harmonia entre a dor e o ar que entram pelos poros que temos coragem de abrir? E quem sabe só o amor seja o martelo possível?
Escrevo isso e choro. Porque quero tanto e não quero tanto. Porque se acabar morro. Porque se não acabar morro. Porque sempre levo um susto quando te vejo e me pergunto como é que fiquei todos esses anos sem te ver. Porque você me entedia e dai eu desvio o rosto um segundo e já não aguento de saudade. E descubro que não é tédio mas sim cansaço porque amar é uma maratona no sol e sem água. E ainda assim, é a única sombra e água fresca que existe. Mas e se no primeiro passo eu me quebrar inteira? E se eu forçar e acabar pra sempre sem conseguir andar de novo? Eu tenho medo que você seja um caminhão de luz que me esmague e me cegue na frente de todo mundo. Eu tenho medo de ser um saquinho frágil de bolinhas de gude e de você me abrir. E minhas bolhinhas correrem cada uma para um canto do mundo. E entrarem pelas valetas do universo. E eu nunca mais conseguir me juntar do jeito que sou agora. Eu tenho medo de você abrir o espartilho superficial que aperto todos os dias para me manter ereta, firme e irônica. Minha angústia particular que me faz parecer segura. Eu tenho medo de você melhorar minha vida de um jeito que eu nunca mais possa me ajeitar, confortável, em minhas reclamações. Eu tenho medo da minha cabeça rolar, dos meus braços se desprenderem, do meu estômago sair pelos olhos. Eu tenho medo de deixar de ser filha, de deixar de ser amiga, de deixar de ser menina, de deixar de ser estranha, de deixar de ser sozinha, de deixar de ser triste, de deixar de ser cínica. Eu tenho muito medo de deixar de ser. Agora é menos de uma hora. Você vai chegar e automaticamente minha agenda de milhares de regras e horários e controles vai desaparecer. E eu vou ficar apavorada porque só o que eu tenho é o contorno mentiroso que eu dou para os meus dias. E você, porque me abraça e me dá outro desenho, é o vilão da minha vida programada. Você é o tufão de oxigênio que invade meu nariz mas, porque estou com tanto medo, mais parece falta de ar. Agora é menos de menos de uma hora. Preciso terminar esse texto. Mas eu tenho medo, sobretudo, de terminar esse texto. Sobre o que eu vou escrever se você for melhor do que esperar por você?

Tati Bernardi

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monólogo

"Estão soltando lanternas no céu, você acredita nisso ? Lanternas japonesas são símbolos para se desprender do passado. Outra novidade... Não somo japoneses, oh! Sabe o que eles são ? Crianças. Como se acender uma vela fizesse tudo ficar bem. Ou fazer uma oração, ou fingir que Elena não vai acabar como o resto de nós, vampiros assassinos. Crianças estúpidas iludidas e irritantes. Sei o que irá dizer: "faça eles se sentirem melhor, Damon" E daí ? Por quanto tempo ? Um minuto? Um dia ? Que diferença isso faz ? Porque no fim, quando perdemos alguém, toda vela toda oração, não compensarão o fato de que a única coisa que sobrou é um buraco na sua vida onde aquela pessoa que você amava costumava estar. E uma pedra... Com a data de nascimento gravada que tenho quase certeza que está errada.  Então, obrigada amigo. Obrigada por me deixar aqui de babá. Porque eu deveria estar bem longe daqui, agora. Não consegui a garota. Se lembra ? Estou preso aqui, lutando com meu irmão e cuidando das crianças. Você me deve muito."



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terça-feira, 23 de outubro de 2012

hoje é dia de RED bebê


 
"Eu escolhi o nome 'Red' pois essa cor simboliza as tumultuosas e loucas aventuras e perdas que o amor traz consigo. Eu penso que quando você se apaixona, tudo passa tão rápido e fica tão fora de controle que acaba misturando paixão, ciúme, frustração, falta de comunicação e vários outros sentimentos… em análise, todos eles me parecem vermelhos."
—Taylor Swift explicando o título do álbum durante o webchat do dia 13 de agosto.
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domingo, 21 de outubro de 2012

As verdades que nem sempre a gente diz

Eu não sou quem você pensa. Sou orgulhosa, exibida, não sei dizer não, detesto passar roupa, não lavo a louça no dia em que faço as unhas, tenho preguiça de gente lenta, penso sem parar, engato um assunto no outro, vivo com as pernas roxas, pois sou estabanada. Detesto pimentão, abacate, arroz doce e tomate seco. 

Gosto de abraçar apertado, beijar estalado, olhar no fundo do olho até desvendar a pessoa por inteiro. Já me enganei muito com as pessoas, já menti, já falei o que não devia, já meti os pés pelas mãos, já fui imatura e sem noção. Já saí na rua de cabelo sujo, unha descascada e perna cabeluda. Já tentei ser uma super mulher e desisti dez segundos depois. Já tentei seduzir e fazer jogo, mas não combina comigo, meus olhos sempre me entregam e eu começo a rir quando faço tipo. Nunca usei ninguém e detesto ser usada. Nunca traí nem fui desleal, palavra pra mim é coisa séria. 

Meu lado criança acha que um dia vai mudar o mundo. Meu lado adulto também. Não jogo lixo na rua, mas não desligo a torneira enquanto esfrego um prato na pia. Prefiro cachorros, mas acho bonito o jeito que os gatos se movem. Adoro animais em geral, menos insetos e animais que são pegajosos. E não vou muito com a cara do passarinho que começa a cantar às três da manhã.

Já plantei árvore, já escrevi livros e quero ter um filho. Antigamente, queria dois ou três. Hoje acho que só quero um. Já gostei de pessoas e elas já gostaram de mim. Já iludi pessoas para deixar o meu ego de bem com a vida. Sim, eu sei que isso é horrível, mas eu tinha vinte anos e naquela época me achava a rainha da cocada preta. Já fui iludida por pessoas que queriam deixar seus egos de bem com a vida. É, o mundo gira e a gente sempre leva o troco.

Adoro chorar em filmes. E já fiquei me olhando no espelho enquanto chorava. Treinei tanto que hoje posso afirmar que choro bonito. Já passei trote, já apertei na campainha e saí correndo, já enchi de desaforo pessoas que não mereciam. 

Detesto perder quando estou jogando cartas ou qualquer outro jogo. E se perco mais de uma vez seguida sinto vontade de parar de jogar. É, eu não sei perder, confesso. Não gosto quando alguém não gosta de mim. Não gosto quando falam mal de mim. Não gosto quando sou criticada. Mas aprendi a lidar com isso, hoje procuro estar com minha consciência tranquila. E entendo perfeitamente que é impossível agradar a todos. 

É claro que é bom ser amada. Quem não gosta de um confete e serpentina? Mas prefiro sinceridade. Prefiro que você diga que não gosta de mim do que vir aqui, sorrir um sorriso quase sincero, virar as costas e falar mal. 

Nasci pra ser livre, mas preciso saber pra onde voltar. Gosto do meu aconchego, meu porto-seguro, minha paz. E encontro tudo isso na minha família. Descobri que o amor só vem quando a gente começa a curtir a própria companhia, afinal, para se entregar para alguém é preciso saber exatamente quem você é (e ainda assim ser feliz).


Clarissa Corrêa
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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

oi oi oi


final de novela/série/filme sempre me deixa com um aperto no coração e uma sensação de tristeza. há muito tempo eu não gostava de uma novela como eu gostei dessa. não assisti todos os capítulos, mas sempre acompanhei. histórias de amor como a da Nina com o Jorginho me deixam com a esperança de que isso ainda vai acontecer comigo. os abraços tão carinhosos e cheios de ternura e com tudo de bom do mundo que os dois deram ao longo da novela, só não ganho dos abraços da Elena com o Stefan. como não poderia deixar de falar de tvd [também conhecido como minha vida rs] o Jorginho tem aquele lado Stefan que respeita as escolhas da Elena e ama ela acima de tudo, mas ele também é um Damon. e acho que o elenco povão/xepa/pobre/farofeiros me lembra minha realidade. e que rir alto pode ser uma das coisas mais simples e melhores dessa vida. e aprendi que o mundo dá mais voltas do que qualquer um de nós possa imaginar. e viva a vida e a capacidade de surpreender. sou um pouco de cada personagem.




porque no fundo eu sempre vou continuar acreditando no amor de verdade.
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A garota que veio com passado

Engraçado. Você apareceu exatamente quando eu queria desaparecer. Eu te olhei de longe e achei que poderia ser um ótimo ponto final pra uma antiga história. Nós nos envolvemos e eu aos poucos fui te conhecendo. Decorando suas pintas e segredos. Seria hipocrisia dizer que não nos comparei com cada segundo do meu passado. Mas era diferente. Você realmente se importava com os detalhes. E isso era tão assustador que eu tinha vontade de ficar debaixo do edredom pra sempre brincando de fugir da realidade. Mas amanhecia e ela sempre voltava.

Naquela época eu estava quebrada no chão e você juntou aos poucos cada pedacinho da minha alma. Não criei expectativas. Fui deixando você me montar, me moldar, me abraçar. As pessoas diziam que nós fomos feitos um para o outro. Aquilo não fazia o menor sentido, mas eu adorava quando seu nome aparecia na tela do meu celular no meio da madrugada.

Ficar por perto era como dormir sem escovar os dentes. Eu gostava do risco, mas algo ainda me fazia voltar instantaneamente no tempo. Um aperto. Um espaço. Um voz. Um lugar dentro de mim onde você ainda não conseguia alcançar direito. Eu rezava para esses fantasmas pararem de me atormentar. Fechava os olhos e morria de medo de alguma coisa sair pela minha boca sem querer. Trocar os nomes e as datas.

Os dias foram se passando e cada vez eu me lembrava menos. Ainda me sentia a pior pessoa do mundo, mas acordar ao seu lado, enxergar o sol clareando o quarto pela manhã e ver o seu sorriso se aproximar da minha boca transformando-se em um beijo doce e demorado camuflava a culpa.

Lembra daquela vez que tinha certeza já ter te contado uma história secreta sobre minha infância? Não era você que tinha ouvido da primeira vez.

Porque diabos a ordem cronológica dos meus sentimentos nunca corresponde com a realidade? Queria poder dividir meu coração em dois. Tirar pra fora a parte infectada. Será que existe médico para isso? Inventaram o nome para essa doença? Tem cura? Eu venderia aquele colar com pedrinhas verdes que ganhei da minha mãe para pagar. Trocaria todas as coisas que posso guardar na gaveta da minha penteadeira por meia dúzia de certezas. Nem precisa tanto vai, por uma só.

Domingo passado estive frente a frente com o meu passado. Sinceramente não sei se estava pronta. Nossos olhos se cruzaram e por alguns minutos foi como se você nem tivesse existido. Queria ser Chronos. Foi tão difícil resistir e ouvir aquelas histórias. Eu poderia correr pra longe, mas fiquei ali, congelada, enfrentando o conjunto de moléculas que eu jurava ser o único que conseguiria me fazer feliz de verdade nessa vida. Quando as protagonistas dos filmes fazem isso parece tão mais fácil.

Eu achava que a álgebra era difícil. Que a prova final do terceiro ano de matemática tinha sido a coisa mais complicada que consegui resolver. Mas aí eu cresci e vi que certas questões em nossa existência exigem mais da gente do que algumas semanas de estudo. Colocar sentimentos e atitudes na balança não é tão simples, mas dessa vez o final da história foi diferente. Não voltei pra casa mais uma vez me sentindo uma idiota solitária que não sabe o que quer. Tudo por mim, por você, pelo que vem aí pela frente. Não vou deixar nossas vidas tomarem rumos opostos. Meu coração é estrábico, mas acho que conseguimos lidar com isso e com aquelas outras coisas que ainda vou te contar no caminho.

Bruna Vieira
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domingo, 14 de outubro de 2012

about how I'm feeling now. or always.



this night is sparkling, don't you let it go, I'm wonderstruck, blushing all the way home, I'll spend forever wondering if you knew.. this night is flawless, don't you let it go, I'm wonderstruck, dancing around all alone, I'll spend forever wondering if you knew, I was enchanted to meet you.. please don't be in love with someone else, please don't have somebody waiting on you.
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porque sal é fundamental

Você ama o meu jeito largado de ser, adora meus olhos sempre pintados de preto e vez ou outra confessa uma queda pelo meu cabelo cor de chiclete. Treme na base quando eu não fujo das suas indiretas e se diverte com as gírias do meu vocabulário. Acha incrível como eu sei conversar horas a fio sobre as bandas que você gosta, quando te venço no vídeo game, e falo dos livros que você leu. Fica extasiado quando eu não me troco por qualquer coisa, quando não mudo minha postura pra agradar ninguém e quando não tenho vergonha de assumir que eu sou mesmo assim, meio cara-de-pau, meio que distribui sorrisos. Diz que eu sou linda assim, muito mais que todas as suas amigas, mas eu suspeito. Adora meus papos de arte, meus sonhos de cair no mundo e adora me iludir que vai comigo, mas no fundo eu sei. Eu posso ser mesmo tudo isso aos seus olhos, mas no fim, na hora de andar lado a lado, de dar as mãos e apresentar nos almoços de família são elas que você prefere. Elas, as que não tem nada do que você tanto admira em mim. As que não sabem quem é Jimi Hendrix, Janis Joplin ou Eric Clapton, as que nunca viram uma tesoura de cabelo na vida, as que tem medo quando você liga de madrugada e que só sonham em ter uma família. As que você sempre diz que não possuem charme algum perto de mim. Eu sei, no fundo eu sempre soube. Mas quer saber? Talvez, eu que devesse ter vergonha de você. Porque um homem que esconde o que realmente quer, não é outra coisa que não motivo de vergonha. E no fim, talvez elas é que mereçam estar ao seu lado, alguém tão sem sal quanto. Antes sozinha do que amarrada a algum traste que não sabe o que quer.

Gabriella Chame é uma ruiva desvairada que escreve porque as amigas não aguentam mais ouvir tantas teorias. 

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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A mulher independente.


Estava autografando meu livro na Feira quando uma senhora alta, elegante, já bem madura, chegou sorridente pra mim e disse: “Acho-te uma mulher fenomenal”. Eu, toda sorrisos, tomei o livro que ela tinha em mãos e me preparei para escrever uma dedicatória bem carinhosa. Ela então complementou: “Mas eu não queria ser casada contigo: tu és muito independente!”.

Concluí a dedicatória, agradeci a gentil presença dela, enquanto que meu coração começou a bater de forma mais lenta. “O que estou sentindo?”, perguntei a mim mesma, em silêncio. Tristeza, respondi a mim mesma, em silêncio, enquanto a próxima pessoa da fila se aproximava.

Em que eu seria mais independente do que qualquer outra mulher? Quase todas as que conheço trabalham, ganham seu próprio sustento, defendem suas opiniões e votam em seus próprios candidatos. Algumas não gostam de ir ao cinema sozinhas, já eu não me importo. Poucas moraram sozinhas antes de casar, eu morei. Quase nenhuma, que eu lembre, viajou sozinha, eu já. E nisso consta toda minha independência, o que não me parece suficiente para assustar ninguém.

Fico imaginando que essa tal “mulher independente”, aos olhos dos outros, pareça ser uma pessoa que nunca precise de ninguém, que nunca peça apoio, que jamais chore, que não tenha dúvidas, que não valorize um cafuné. Enfim, um bloco de cimento.

Quando eu comecei a ter idade pra sonhar com independência, passei a ler afoitamente os livros de Marina Colasanti – foram eles que me ensinaram a importância de abrir mão de tutelas e a se colocar na vida com uma postura própria, autônoma, mas nem por isso menos amorosa e sensível. Independência nada mais é do que ter poder de escolha. Conceder-se a liberdade de ir e vir, atendendo suas necessidades e vontades próprias, mas sem dispensar a magia de se viver um grande amor. Independência não é sinônimo de solidão. É sinônimo de honestidade: estou onde quero, com quem quero, porque quero.

Sobre a questão da independência afugentar os homens, Marina Colasanti brincava: “Se isso for verdade, então ficarão longe de nós os competitivos, os que sonham com mulheres submissas, os que não são muito seguros de si. Que ótima triagem”.

Infelizmente, a ameaça que aquela senhora acredita que as independentes representam não é um pensamento arcaico: no aqui e agora ainda há quem acredite que ser um bibelô (ou fazer-se de) tem lá suas vantagens. Eu não vejo quais. Acredito que a independência feminina é estimulante, alegre, desafiadora, vital; enfim, uma qualidade que promove movimentação e avanço à sociedade como um todo e aos familiares e amigos em particular. “Eu preciso de você” talvez seja uma frase que os homens estejam escutando pouco de nós, e isso talvez lhes esteja fazendo falta. Por outro lado, nunca o “eu amo você” foi pronunciado com tanta verdade.

Martha Medeiros, e minha crônica preferida.
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I'll keep singing along




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sábado, 29 de setembro de 2012

Mudanças

Quantos amores você achou que seriam definitivos? Quantas vezes achou que não fosse aguentar uma queda e no final sofreu só alguns arranhões? E quantas vezes você achou que não era nada e na realidade significava muito? A verdade é que você nunca sabe o quanto pode aguentar e quase sempre se surpreende. Mudanças servem pra te ensinar a sorrir mesmo perdendo muito e não sabendo o que fazer com o que ganhou.

Gabriella Chame é uma ruiva desvairada que escreve porque as amigas não aguentam mais ouvir tantas teorias.
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Liberte-se

Recebi um email que me fez rir muito. Ele faz as contas, de mais ou menos, quanto uma mulher gasta para se produzir para um “encontro”. Levando em conta todas as loucuras que algumas são aptas a fazer, como por exemplo entrar no cheque especial só para comprar um vestido novo, as contas ($$) chegam a um número que pagaria uma prestação de um carro zero.
No fim do email, a autora (que não me lembro o nome), alerta o risco de às 21h, depois de gastar a alma, o cara ser um babaca e desmarcar com você. Foi exatamente isso que me fez rir muito.
O texto não me fez muito efeito, e fiquei um tempo tentando lembrar a última vez que me produzi para alguém. Foi mais fácil lembrar do último babaca que desmarcou comigo, do que o último babaca que me fez marcar um salão de última hora pra ficar bonita pra ele. Nunca dei a minha alma no cartão de crédito para um “encontro”. Sendo sincera, já vendi a minha alma em um “desencontro”. E valeu muito, mas muito mais a pena.
Existem dias que o cabelo acorda Maria Bethânia, o armário briga com a gente e nem muito pó compacto resolve. Mas são nesses dias, vestindo o jeans velho e confortável, usando um rímel bem leve pra tirar a cara de morta e sem muita pretensão, que alguém aparece. Quando você menos espera, e sem horário marcado, as coisas acontecem.
Eu gostaria que todas as mulheres pensassem assim, e parassem de se matar ($$) pra uma noite ser especial. Um vestido novo não vai mudar a noite. Mesmo porque, raciocinem comigo: ele não conhece todos os seus vestidos velhos. Ele mal sabe o siginificado de um pó compacto, e é bem capaz que ele tire todo o seu blush do rosto, quando te beijar. Você ainda pode dar a sorte dele ser fã da Maria Bethânia. Essa última parte foi só brincadeira. Eu realmente espero que ninguém conheça alguém que goste de Maria Bethânia.
Sejamos menos bitoladas e mais realistas. Desmarcar encontros é normal e faz parte de um dia que esteja rolando um jogo entre Atlético e Cruzeiro, por exemplo.
E vai ser exatamente nesse dia, que revoltada com tamanha “falta” de consideração, que seu pouco rímel nos olhos, seu jeans velho e seu cabelo Maria Bethânia, vai te levar para um desencontro dez vezes mais interessante. Pode acreditar em mim.

Marcella Brafman é jornalista e mineira. Sofre de imaginação fértil e só passa escrevendo. Vive a vida Sem Clichê.

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domingo, 23 de setembro de 2012

Anacrônico


Estou de salto. Passei maquiagem e até coloquei aquele vestido que você elogiou uma vez. Desobedeci meus pais. Deixei de lado minha última promessa. Quebrei meu cofre. Olhei no espelho antes de pegar a chave, e vi no reflexo o quanto mesmo depois de tanto tempo, você ainda me fazia ficar parecendo uma boba.
Desci as escadas e lá estava você. Vestindo a blusa que dei de aniversário em 2008. Exatamente com o mesmo sorriso que deixei. Caminhamos alguns minutos por aquela rua meio deserta que fica perto aqui de casa. Lembrei de todas as vezes que ficamos sentados ali na calçada conversando. Que saudade da sua voz. Que saudade do seu perfume no ar misturado com o meu.
Falamos de trabalho. Faculdade. Da viagem. Das suas garotas e dos meus novos amigos gays. Minha vontade era de calar sua boca, porque cara, ouvir sobre seu presente e lembrar que fiquei no passado era uma droga. Mas você gosta de mostrar o quanto sua vida mudou. Tudo bem. Eu aguento. Mais alguns passos. Mais algumas risadas. Chegamos.
Sabia que sair naquela sexta não era uma boa ideia. A cada coisa que dava errado enquanto eu aprontava, tipo achar meu sapato e o secador, tinha mais certeza disso. Mas eu sou teimosa e nem ligo pra essas coisas. Iria até de pijama. Não pense que pirei. Eu só precisava saber até onde eu ainda iria por você.
Aquela multidão me fazia querer te abraçar. Eu odeio multidões e música alta. Mas eu amo você. Poderia jurar então que não estava tocando funk. Jurar que as pessoas ao nosso redor nem existiam. Eu só tinha olhos para os seus olhos. Como eles brilhavam. E eu sentia que um terremoto estava prestes a acontecer toda vez que você chegava mais perto. Diz no ouvido. Não tô ouvindo. Diz com a boca, mas diz na minha, porque é assim que vou entender tudo de mais importante que você tem à dizer.
Uma bebida. Sua barba. Luzes piscando. O xadrez da sua blusa. Roda gigante. Seus olhos. Alargador. Mãos na cintura. Poeira levantada. Sua boca. Minha boca. Nossa respiração. Foi.
Mesmo tendo vivido tanta coisa longe um do outro, algo ainda me conectava em você. Eu nem precisava contar nada. Sabíamos só de olhar. Independente das outras mensagens da caixa de entrada. Independente de onde estaríamos no próximo final de semana.
Lembro que você me perguntou como seria depois e eu chorei. Você levantou meu rosto com os dedos e perguntou porque eu estava triste. Eu te olhei e respondi que não era tristeza. Era alívio. Por saber que ainda existe alguma coisa no mundo que faz meu corpo tremer.
Nos abraçamos e ficamos conversando o resto da noite. Até você me deixar na porta de casa. Até eu te perder de vista na esquina. Deitei na cama do mesmo jeito que cheguei. Bati porta, ignorei broncas e deixei a luz apagada. Fico imaginando como seria voltar no tempo. Como se isso fosse mudar alguma coisa. Colocar a culpa no destino parece tão fácil quando o que falta mesmo na gente é coragem. Mas tudo bem. Em algum momento eu me perderia daqueles pensamentos e dormiria. No outro dia tudo fica menos complicado. Não é assim? Pra gente não.
Antigas lembranças nos levam para antigos lugares. Antigos lugares nos levam para antigas escolhas. Dúvidas são sempre uma merda.
Sabe aquela maldita sensação que fica quando um filme de comédia romântica acaba? Aquela que vem depois do “felizes para sempre”. The End. É exatamente assim que me sinto toda vez que a gente se vê. Sei que é pra sempre, mas sei também que mesmo assim, acabou.

Bruna Vieira escreve, fotografa e tuíta. Às vezes, tudo ao mesmo tempo e sem parar.
0 comentários Postado por Paula Lopes